Até a década de 1950, Quito estendia-se de Panecillo a La Alameda. E em 75 anos cresceu mais de doze vezes essa área.
Essas mudanças na arquitetura, nas estradas, na moda, nos meios de transporte e em outros parâmetros são visíveis em fotos históricas.
Rafael Racines Cuesta é um amante da fotografia e aprendeu a prestar atenção a cada um desses detalhes nas imagens históricas de Quito.
Há 29 anos começou a colecionar fotos antigas da capital do Equador e depois se dedicou a compará-las com fotos atuais para ver as mudanças na cidade. Hoje possui cerca de 25 mil imagens.
“Sou psicólogo, mas sempre fui apaixonado por história”, afirma, “mas sobretudo por fotografia histórica. Nele olhamos para algo e sim é verdade, a veracidade da fotografia me leva a confirmar ou negar o que está escrito nos livros de história, o que pode ser mentira.”
As primeiras fotos que guardou foram as que comprou na entrada dos cinemas. E quando o computador chegou, ele pesquisou como utilizá-lo, além de aprender sobre formatos de imagens e utilizar programas de digitalização.
À medida que seu arquivo fotográfico crescia, ele quis doá-lo à Prefeitura de Quito, mas “eles não quiseram”, diz. Depois, como já existia o Facebook, ele postou algumas fotos da cidade, num perfil que chamou de “Quito da vila à cidade”, que hoje conta com 27 mil seguidores.
“Eles me perguntaram para onde foi levado”, diz ele. Então ele achou uma boa ideia colocar uma imagem atual ao lado da foto antiga para compará-las.
Então, um homem de 80 anos perguntou quando ele sairia para capturar as imagens atuais e o convidou para ir com ele. O homem lhe contou que havia crescido em Panecillo e pediu-lhe que visitasse o bairro.
“Ele estava explicando as casas, as ruas, a emoção do homem foi muito grande. Contei a empolgação dele nas redes sociais e não éramos mais um, mas três, cinco e viramos 200, 300 pessoas”, conta.
Essas caminhadas que Racines organizou tornaram-se tão populares que posteriormente receberam promoção da Prefeitura de Quito e proteção policial, mas para ele o mais importante foi o sindicato que foi criado.
Fez cerca de 120 caminhadas com a participação de pessoas de diversos setores de Quito. Racines diz que, por exemplo, Havia pessoas do norte e do sul, que geralmente não confiam umas nas outras, mas nas caminhadas começaram a se dar bem, a se conhecerem.
O costume de sair se perdeu após a pandemia da Covid-19, pois as pessoas tinham um pouco de medo de grandes aglomerações.
Cada pessoa tem a sua verdade, a sua história, as suas anedotas familiares. É interessante conhecer essas histórias.
Rafael Racines Cuesta
A origem das fotos
As fotografias têm origens diversas: livros que Racines encontrou nas bibliotecas de Quito, jornais antigos, arquivos patrimoniais, entre outros. Algumas foram doadas por instituições públicas, como uma fotografia de satélite de 2000, na qual é possível ver Quito e os vales.